HORAS DE ALUCINAÇÃO

As penosas horas no vomitório são meras alucinações provocadas pelo psicotrópico que é a vida...

domingo, fevereiro 27, 2005

Mandala

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Dil

A viela encontrava-se invulgarmente cheia de gente, e foi só empurrando um brâmane à sua frente que conseguiu alcançar a barraca triangular feita de tábuas e encaixada contra um pilar. A velha estava sentada diante da barraca, com uma candeia oscilante à sua direita, um homem envolto num pano branco do outro lado, e o corpo de Dil à frente dela, parcialmente coberto por um pedaço de pano. No chão, uma tigela com alguns malmequeres e quatro moedas de cobre. As pessoas comprimiam-se num meio círculo à volta dela, escutando com gravidade a sua voz áspera e agastada.
Sentou-se na segunda fila - deixou-se cair com um gemido, como se as suas pernas tivessem sido cortadas debaixo dele - e sentiu uma intolerável dor expandido-se-lhe no coração. Já tinha visto tanta gente morta que não podia estar enganado: mas passado algum tempo a dura aceitação do que acabara de saber aclarou-lhe finalmente as ideias.
(...) Passado um momento levantou-se. O rosto de Dil estava infinitamente calmo; a hesitante chama da candeia por vezes fazia-a parecer sorrir misteriosamente, mas quando a luz se fixava mostrava um rosto tão isento de emoção como o mar: controlado e indiferente. Os braços dela mostravam marcas onde as pulseiras tinham sido arrancadas; mas essas marcas eram ligeiras: não tinha havido luta nem resistência desesperada.
Pegou nela e, seguido pela velha, por alguns amigos e pelo brâmane, levou-a a caminho da praia, com a cabeça apoiada no seu ombro. O dia nasceu quando entraram no bazar: já se encontravam três grupos na praia; junto à beira do mar calmo e para além dos vendedores de lenha.
Preces, lustração; cânticos, lustração; colocou-a sobre a pira funerária. Chamas pálidas à luz do sol, o intenso arranque do fogo na madeira de sândalo, e a coluna de fumo elevando-se, elevando-se suavemente com a chegada da brisa vinda do mar.
"... nunc et in hora mortis nostrae," repetiu ele uma vez mais, e sentiu a água tocar-lhe num pé. Levantou o olhar. As pessoas já tinham partido; a pira não era mais do que uma mancha escura com o mar apagando as brasas com um sibilo; e estava sozinho. A maré estava a encher rapidamente.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Receita de Amor

Para conquistar o coração de quem ama:

Leve ao lume num pote de ferro
-1 dl de água
-1 calice de vinho tinto
-1 pitada de canela moida
-1 pitada de pimenta preta
-1 raminho de alecrim
-raspa de laranja
-uma colher de mel

Misture tudo e deixe ferver por 15 minutos. Beba um pouco num cálice de prata, na primeira noite de lua cheia. Dê o resto à pessoa amada. Em menos de uma semana obterá resultados.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Delírio de um mosquito

Ah, ah, ah, onde paras tu seu porco de merda? Não são as tuas acções que vão derrubar a sentinela, mas se dizes que tás contente, é porque estás contente, contente, contente. Neste mundo a torre cai, não te armes em heroi.
Rejuliba, na morte da noite, é nela que sugas o regime da tua sobrevivência e sempre que foges de novo o mundo perde um pedaço. ZZZzzzzzz, frondoso zumbido, és sinal para o barulho, mas não te esqueças, estás contente, contente, contente.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Há quem diga que Monet era míope e é bem possível que assim fosse. As formas esbatidas do Impressionismo lembram-nos de como é olhar o mundo sem as lentes que nos permitem focá-lo - apreendendo a forma exterior do que nos rodeia mas sem ligar ao pormenor. Para os míopes, a vida até poderia parecer simples mas continua a ser complexa. Se Monet não era míope... interiormente era concerteza e as suas obras um orgulho da miopia.

Les falaises des Petites-Dalles par Claude Monet (1880)

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Do You Think It's Bad To Lick A Cricket?

Cricket Lickin' Good
We have all experienced the social stigma of being caught eating bugs in public. Now with Cricket Lick-It you can ingest insects without shame. Nestled in the center of a sugar-free creme de menthe flavor sucker lies a crunchy cricket just asking to be eaten! Avoid scorn and ridicule, eat your insects in the nineties way: Cricket Lick-It.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Carta a um auto proclamado macaco na jaula


Contudo, denoto uma ligeira tentativa de mudança no teu discurso. Mostras que tens consciencia das tuas acções e que pretendes evoluir para melhor. É facto uma qualidade rara hoje em dia, e da qual eu mostro o meu profundo contentamento a esse respeito. Não posso também deixar de referir que temos de buscar em nós próprios, essa boa sensação de estarmos bem com nós mesmos, pois só assim podemos alcançar o nosso profundo e desejado objectivo, viver.
Felicidades

  • Lapsus Calami
  • High on Tangerine
  • Chez Lune
  • Comma Verbos
  • Mundo Fantasma
  • Flight
  • Marauder's Sketck Book
  • Seculo Prodigioso
  • Antestreia
  • Cineblog
  • Hollywood
  • DVD
  • Ciencias no Quotidiano
  • Ponto Triplo
  • Viridarium
  • John Howe
  • Alan Lee
  • Daniel Govar
  • Olhares
  • TrekEarth
  • Hubble Site
  • Earth View
  • Earth Observatory
  • Darwin Online
  • Jane Austen
  • Project Gutenberg
  • National Geographic
  • Eden
  • Goober Productions
  • Transience
  • Bow Man
  • Retro Junk
  • Superman
  • Musicovery
  • Opeth
  • Rolling Stone
  • Q4 Music
  • Fundacion Miro
  • Warhol
  • Louvre
  • Nobel Prize
  • Uniao Europeia
  • Nacoes Unidas
    Puzzle Pirates