Ontem

Ontem de manhã fui um pouco à praia da Califórnia - que é como quem diz à praia de Sesimbra, ou pelo menos aquela que fica à esquerda do forte da Polícia. Nunca reparei se a que fica à direita tem outro nome, mas é possível. Sesimbra é porreiro. Gosto bastante do ar piscatório, das casinhas amontoadas e dos montes que ficam por trás. E lá está, há sempre aquele pormenor de termos de passar pelo pinhal de Coina para lá chegar, o que é sempre interessante. Faz-me sempre lembrar aqueles tempos em que perguntava ao meu pai o que é que aquelas senhoras faziam paradas no meio do mato e ele respondia-me que elas estavam ali porque eram costureiras... Ainda hoje não consegui que ele me explicasse essa - deve ser uma piada qualquer que ele tinha com o pessoal da Marinha, ou assim. Voltando à praia, até nem se estava mal, tirando o facto da água estar basicamente gelada. E eu até nem sou de me queixar muito com a temperatura da água. Mas a sério... estava gelada. Tanto, que não consegui estar lá mais de cinco minutos de cada vez. Logo, quando o sol começou a torrar muito e não tive coragem de voltar à água pela terceira vez (argh!), agarrei na toalhinha e fui passear pela avenida. Não foi nada mau para um começo de dia. Ah! E sempre conheci lá um menino muito giro que se veio sentar na minha toalha e que passou o tempo a mandar-me beijinhos. Só é pena que ainda não soubesse falar...

Espiral do ser - Parte III - Hodie mihi, cras tibi

Vazia a situação que chora comigo, vazio o ser que demora a estar, pois claramente somos peões num jogo incompreendido e que nunca iremos compreender; e se muitos caminham uma vida para o saber, existem poucos que o percebem.
Não sentimos a realidade e a consciência em que nos encontramos, vivemos apenas aprisionados num corpo podre, mergulhados na mecanização dos seus membros e reagindo a estímulos de uma sociedade modelada. Pois se absorvemos elementos, temos de ter a capacidade para os saber discernir e interpretar, pois as partes dão origem ao todo, não podemos simplesmente olhar para um todo, temos que o saber dividir na sua plena essência, temos que o saber ler. Não existe uma série lógica, somos entes subjectivos propensos a relativizar consoante a natureza que nos inserimos, e por isso estamos de passagem “hodie mihi, cras tibi” - hoje sou eu, amanhã serás tu.

How To Pierce A Balloon Without It Popping

As coisas que uma pessoa descobre de vez em quando!


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