HORAS DE ALUCINAÇÃO

As penosas horas no vomitório são meras alucinações provocadas pelo psicotrópico que é a vida...

quarta-feira, março 30, 2005

Santo Sudário

O Sudário é uma peça rectangular de linho com 4,4 metros de comprimento e 1,1 de largura. O tecido mostra as imagens frontal e dorsal de um homem nu, com as mãos pousadas sobre as partes baixas, sem a projecção referente à parte lateral do corpo humano. A imagem é totalmente superficial e não penetra no interior das fibras. As duas imagens apontam em sentidos opostos e unem-se na zona central do pano. O homem representado no sudário tem barba e cabelo comprido pela altura dos ombros, separado por uma risca ao meio. Tem um corpo bem proporcionado e musculado, com cerca de 1,75 m de altura. O sudário apresenta ainda diversas nódoas encarnadas que, interpretadas como sangue, sugerem a presença de vários traumatismos.
A
28 de Maio de 1898, o fotógrafo italiano Secondo Pia tirou a primeira fotografia ao sudário e ficou espantado com os resultados. O negativo do seu rolo assemelhava-se a uma imagem positiva, o que significava que a imagem do sudário era, em si, um negativo. Esta descoberta lançou o mote para uma discussão científica que ainda hoje permanece aberta.

As primeiras análises ao sudário foram realizadas em 1977 por uma equipa de cientistas da Universidade de Turim que usou métodos de microscopia. Os resultados demonstraram que a imagem do sudário é composta por inúmeras gotículas de tinta fabricada a partir de ocre.

Em
1988 a Santa Sé autorizou os primeiros testes de datação radiométrica do sudário, segundo o método do carbono-14. Todas as análises revelaram idades entre os séculos XIII e XIV, mais concretamente no intervalo 1260-1390. Apesar dos resultados serem claramente posteriores ao século I, a variação que apresentam merece explicação. Foi pedida autorização ao Vaticano para efectuar mais testes mas, até à data esta pretensão tem vindo a ser recusada com o argumento de que a colheita de mais amostras podem danificar a peça. Foram também efectuados testes químicos ao sudário por especialistas das Universidades de Milão e da Califórnia. Os métodos utilizados foram a análise espectral e fotografia ultra-violeta. Os resultados mostram que a porção amostrada para datação radiométrica é distinta do resto do tecido, nomeadamente pela presença de pigmentos e fixantes. Este resultado sugere que esta porção do tecido seja na realidade um remendo posterior. Outra diferença consiste na presença de vanilina, um produto da decomposição térmica da linhina (um composto das fibras naturais). A vanilina é um composto habitual na análise a tecidos da Idade Média, mas que se encontra ausente em amostras mais antigas, uma vez que sofre decaimento.

A ideia que tem vindo a ganhar mais terreno é a da formação da imagem por via da
reacção de Maillard entre os gases libertados por um corpo em decomposição e a fina camada (180-600 nanometros) de carbo-hidratos a celulose das fibras do tecido. Esta reacção e a alteração química correspondente poderia explicar a variação de cor que define a imagem do sudário. Outra conclusão relevante é a de que a reacção de Maillard afecta apenas a camada de carbo-hidratos, o que pode ser uma resposta para a superficialidade da imagem. Um dos problemas desta teoria é, paradoxalmente, mais um ponto a favor do sudário como relíquia. Nas primeiras fases de decomposição, um cadáver exala os gases que desenvolvem a reacção de Maillard com os carbo-hidratos do tecido. No entanto, à medida que a decomposição prossegue, o corpo tende para libertar outro tipo de produtos líquidos que mancham o tecido, eliminando a possível coloração devida à reacção de Maillard. Se a imagem do sudário é de facto a impressão post-mortem de Jesus Cristo, então o corpo teria que ter sido retirado da sua mortalha antes do começo das reacções danificantes. Segundo a Bíblia, foi mesmo isto que aconteceu durante a ressureição. No entanto a falta de cooperação para análises mais apropriadas ao Sudário continua a impossibilitar uma conclusão mais definitiva. É o que acontece quando ciência e religião entram em conflito…. (para mais detalhes sigam o link no título).

1 Comments:

Blogger Ana Franco said...

Desculpa ter mudado a imagem mas a outra (vá-se lá saber porquê) estava a recursar-se a aparecer. Enfim... O mais estranho é que aparecia na caixa do "Edit" lol Não quero problemas com direitos de autor de outros sites.

quinta-feira, 31 março, 2005  

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