HORAS DE ALUCINAÇÃO

As penosas horas no vomitório são meras alucinações provocadas pelo psicotrópico que é a vida...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Não é bizarro que algumas personagens da literatura pareçam ter destinos tão cruéis? Bem, por vezes a ficção imita a realidade. Nos últimos dois dias assisti a dois documentários: um deles sobre Lord Byron; outro sobre P. B. Shelley - ambos poetas românticos, ambos britânicos e, apesar de pouco terem em comum, ambos amigos.
Conheceram-se em Genebra, para onde Byron havia fugido devido aos escândalos que o perseguiam na Inglaterra (casos amorosos com diversas mulheres casadas, sodomia, questões parlamentais,...) e onde Shelley residia com a sua mulher Mary, também ela uma escritora - Mary Shelley, a que viria a ser a autora de Frankenstein. Byron gostava de se dizer um realista e amava o lado mais práctico e mundano da vida; Shelley tinha a mente cheia de ideologias e perdia-se em discursos de liberdade e igualdade entre os homens. Tendo estilos diferentes e profissões iguais, os dois homens encontravam um no outro uma invulgar fonte de inspiração.
A força das circunstâncias levou com que se separassem - na realidade foi mais Byron que engravidou a cunhada de Shelley. Não que Shelley se tivesse realmente importado... Mas o escândalo voltou a atacar.
Assim, Byron fugiu para a Itália, onde passados alguns anos voltou a reencontrar-se com Shelley. A amizade entre ambos recomeçou no ponto onde a deixaram; e foi aqui que a coisa começou a descarrilar. Sempre com o mesmo sentimento de competição, Byron e Shelley propuseram-se a um novo desafio: cada um deles deveria construir um barco (vá-se lá saber o que lhes ia na cabeça...). Byron construiu um que mais parecia um navio da armada real (em ponto pequeno, obviamente) tal era a sua vontade de parecer nobre; Shelley, que se contentava com pouco, fez um barco que mais se assemelhava a um baleeiro - deu-lhe o nome de Don Juan em honra de Byron. Num dia em que andava a testá-lo, levantou-se um temporal, o barco não provou ser tão bom como supunha e acabou por naufragar. Shelley morreu afogado poucos dias depois de ter completado trinta anos de idade.
O seu corpo foi dar à praia na manhã seguinte. Por razões de sanidade, os funcionários do porto recusaram-se a entregá-lo a Byron para ser sepultado. Foi assim obrigado a cremar o corpo de Shelley na praia onde o haviam encontrado.
Totalmente devastado, Byron partiu para a Grécia que se encontrava na altura sob o poder dos turcos. Talvez influenciado por Shelley ou tentando completar algo que este deixara por fazer, tornou-se numa das mais importantes figuras na luta pela indepência deste país, chamando a atenção dos britânicos pela causa. Acabou gravemente doente antes do seu objectivo ter sido atingido, morrendo pouco tempo depois - tinha apenas trinta e seis anos, uma vida curta mas vivida ao rubro e a força de lutar por uma causa que era o desejo de um morto.
Querem história mais romântica que esta? Ambos podiam ser personagens de uma peça de Shakespeare. De facto a ficção parece imitar a realidade mas mesmo assim, raramente se lhe consegue igualar.

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