HORAS DE ALUCINAÇÃO

As penosas horas no vomitório são meras alucinações provocadas pelo psicotrópico que é a vida...

domingo, maio 15, 2005

A passagem da Companhia Cinzenta

Quase parece impossível que tenha feito citações de tudo e mais alguma coisa neste blog menos de Tolkien. Depois de quase dois anos a frequentar um fórum dedicado à mitologia da Terra-Média, parece-me agora incorrecto que não me tenha despedido de ninguém, no momento em que decidi reduzir a minha presença a aparecimentos esporádicos, somente para dizer "olá" ou para pedir opiniões sobre inklings. Por isso, este post é para todos aqueles que conseguiram distrair-me nas minhas horas livres - tanto gente de outros países como os belos dos portugas. Não é de longe a minha passagem favorita, mas pareceu a mais adequada. Fiquem bem pessoal! ;)

Quando a luz do dia já alastrava no céu mas o Sol ainda não subira acima das altas serranias do Leste, Aragorn preparou-se para partir. A sua companhia estava toda montada, e ele próprio ia saltar para a sela, quando a Dama Éowyn apareceu para se despedir deles. Vestia como um cavaleiro e cingia uma espada. Trazia na mão uma taça que levou aos lábios e da qual bebeu um pouco, para lhes desejar boa viagem. Depois estendeu a taça a Aragorn, que bebeu também e disse:
- Adeus, Senhora de Rohan! Bebo pela felicidade da tua Casa, pela tua e pela de todos o teu povo. Diz ao teu irmão que talvez nos reencontremos para lá das sombras.
Gimli e Legolas que estavam perto, tiveram a impressão de que ela chorava, coisa que lhes pareceu ainda mais triste por se tratar de uma pessoa tão severa e altiva. Mas ela perguntou:
- Aragorn, irás?
- Irei.
- E não me deixarás cavalgar com esta companhia, como pedi?
- Não, Senhora, não deixarei. Não poderia fazê-lo sem a autorização do rei e do teu irmão, e eles só regressam amanhã. Agora conto todas as horas, ou melhor, todos os minutos. Adeus!
Então ela caiu de joelhos e exclamou:
- Suplico-te!
- Não, Senhora - repetiu, ao mesmo tempo que lhe pegava na mão e a levantava.
Em seguida beijou-lhe a mão, saltou para a sela e partiu sem olhar para trás. Só aqueles que o conheciam bem e estavam perto dele compreenderam a dor que sentia.
Mas Éowyn ficou imóvel como uma estátua de pedra, com as mãos cerradas aos lados do corpo, e os seus olhos seguiram-nos até desaparecerem nas sombras das faldas da negra Dwimorberg, a Montanha Assombrada, na qual ficava a Porta dos Mortos. Quando os perdeu de vista, virou-se a tropeçar como se estivesse cega, e voltou para casa. Ninguém do seu povo assistiu àquela despedida, pois esconderam-se todos com medo e só reapareceram depois de bem nascido o dia e de estarem longe os temerários estrangeiros.
E houve quem dissesse:
- São espectros élficos. Deixai-os ir para onde lhes compete, nos lugares escuros, para nunca mais voltarem. Os tempos já vão tão maus!...

A passagem da Companhia Cinzenta,
O Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei,
J.R.R. Tolkien

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