HORAS DE ALUCINAÇÃO

As penosas horas no vomitório são meras alucinações provocadas pelo psicotrópico que é a vida...

quarta-feira, dezembro 01, 2004

1 de Dezembro de 1640

"Na manhã de dia 1 de Dezembro, pelas oito e meia, começaram a chegar coches ao Terreiro do Paço. Traziam as cortinas corridas para esconder as armas. Ao bater da última badalada das nove nas Torres das Igrejas, os conspiradores saltaram para a rua e dirigiram-se ao palácio. Um grupo dominou os soldados do forte anexo com a ajuda de populares. Outro rebentou as portas e irrompeu pelos salões, atirando sobre quem tentasse barrar-lhes o caminho.
A guarda alemã foi dominada e as buscas continuaram. Um funcionário ao serviço dos espanhóis, chamado Francisco Soares de Albergaria, ao ouvir gritar: "Viva el-rei D. João IV", sacou da espada e gritou: "Viva el-rei D. Filipe."
Em resposta levou dois tiros na garganta.
Os que vinham com ele renderam-se imediatamente. Mais adiante apareceu outro partidário do rei estrangeiro, o capitão Diogo Garcês Palha. Ainda disparou uma arma, houve luta e os fidalgos, em vez de o matarem, sugeriram ironicamente que fugisse pela janela. O capitão arriscou. O voo teve como consequência partir uma perna, mas valeu a pena, pois conseguiu escapar com vida e fugiu. (...)
Ainda lá dentro (...) Por mais voltas que dessem não encontravam Miguel de Vasconcelos. (...) Já tinham percorrido os salões, os gabinetes de trabalho, os aposentos do ministro, e nada.
(...) Acontece que Miguel de Vasconcelos, quando se apercebeu que não tinha hipótese de fugir, escondeu-se num armário onde guardava papéis e fechou-se lá dentro com uma arma. O que finalmente o denunciou foi o tamanho do armário. Pequeno, acanhado, incómodo, próprio para papéis mas não para pessoas. O fugitivo, ao tentar mudar de posição, remexeu-se lá dentro, o que provocou uma restolhada de papéis. Foi quanto bastou para os conspiradores rebentarem a porta e o crivarem de balas. Depois atiraram-no pela janela fora.
O corpo foi cair no meio da multidão enfurecida, que sobre ele deu largas ao ódio, cometendo verdadeiras atrocidades."
excerto de "O Sabor da Liberdade"
~
E pronto, assim começou o ínicio do fim. Para expulsarem os espanhóis de Portugal, os nobres mataram mais portugueses que propriamente espanhóis, mas no fundo todos somos humanos, indepentemente da nacionalidade. Muitos deles foram também posteriormente perseguidos apenas por ódio ao país que nos tentou subjugar. Gente que nada tinha a ver com Governo, Política, Monarquias. Trabalhadores que ganhavam o seu sustento no nosso país e que se viram obrigados a fugir. São as "alarvidades" de todas as guerras - os "pequenos" são sempre os primeiros a sofrer e também os primeiros a condenar, perdendo toda a compaixão que possuem.

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